Porque o Madrid renunciou à bola? “Naquele dia, tivemos a melhor ideia, porque sabíamos quem tem problemas quando controla a bola. Nós sabíamos para onde enviariam os passes, como procurariam Cristiano. O nosso plano era deixar fora de jogo Xabi (desculpa, Xabi, mas esse era o plano A). Porque se Alonso poder jogar como quer é impossível defender o Madrid. E Götze fechou-o. Sabíamos que se os nossos laterais, Piszczek e Schmelzer, se movessem muito, a vantagem estava do nosso lado com Cristiano. Se bloqueias Xabi, obrigas Pepe a ter sempre a bola. E isso faz a diferença.” – Jurgen Klopp
O futebol, de há uma década para cá, mais coisa menos coisa, enfrentou uma mudança radical. A forma como se pensa o jogo, mudou de tal forma, que muitos ficaram atrasados no tempo e ainda hoje não entendem o que mudou. Não será por acaso que ainda hoje vemos treinadores a apostar unicamente na condição física dos seus jogadores, e dão-lhes uma bola apenas para brincar, mas não lhes ensinam nada.
Estratégia talvez não seja o tema favorito do leitor, mas, se o futebol é fluído no seu jogo, se não existe um padrão de acontecimentos, como podemos montar uma equipa que seja organizada, sem um plano? Se o objetivo é fazer o golo, então como vamos fazer o golo? Qual é o caminho para chegar ao golo?
Através da organização do jogo (organização ofensiva/defensiva e transição ofensiva/defensiva), e sabendo que todos estes momentos se relacionam entre si, o treinador deve criar uma estrutura que una estes quatro momentos, e que todos os jogadores façam parte dessa estrutura. Como defendemos é como vamos atacar, e como atacamos, é como vamos defender. Se a nossa equipa é capaz de atacar sem se expor, defender será mais fácil. Se a equipa sabe equilibrar os espaços e recuperar a bola, com condições de ser jogada, mais facilmente a pode levar ao ataque.
Pep Guardiola no FC Barcelona, e outros treinadores em outros clubes, treinam as suas equipas para recuperar a bola longe da própria área. A sua estratégia é ter menos caminho para percorrer até alcançar a baliza e tentar fazer golo. Defendem com o objetivo de fazer golo, não apenas em sofrer golo. Essa é a estratégia de equipas que pressionam alto.
Em relação ao treino. Vamos supor que desenhamos um exercício para posse de bola. 6×6, um espaço com as medidas q.b., e os jogadores dentro desse espaço a trocar a bola. Este exercício, sem um objetivo fundamentado, não vai ajudar os jogadores em nada. Não lhes ensina nem os desenvolve. Mas e se o treinador, deseja desenvolver a posse de bola, pede que a equipa que atingir primeiro os 20 passes completos, pode escolher o castigo da equipa adversária (5 abdominais por exemplo, ou arrumar o material do exercício). O treinador coloca um objetivo ao exercício, como estratégia para desenvolver um ponto específico dos jogadores.
Como tal, o treinador, se tem um objetivo em mente, precisa duma estratégia ou plano para alcançar esse objetivo. Se deseja desenvolver determinado modelo de jogo, busca exercícios que enquadram com as suas ideias. Se pretende desenvolver determinados princípios dentro da equipa, sabendo que não desenvolvemos uma equipa de um dia para o outro, precisará de um plano a médio/longo prazo, plano esse que, quando aplicado, faça a equipa evoluir consoante os objetivos em mente do treinador.
Não sou mestre em futebol, mas não consigo dissociar o conceito de estratégia, quando pretendemos montar uma equipa a médio/longo prazo. Se o treinador tem todos os dados necessários acerca o próximo adversário, vai precisar de uma estratégia para contrariar os pontos fortes e aproveitar os pontos fracos desse adversário. Futebol!
